terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O mundo sobre sua cabeça


   Daqui já se pode ver aquela esquálida criança.Subjugada e julgada pelo mundo,parece estar no fundo do poço (um poço seco).Seus pezinhos e seus dedinhos enterrados num deserto,exercendo a força que desequilibra o mundo,que também está no fundo do poço.
   A testa franzida.Está lá o sol a seus olhos queimar.Sua infância está assando.Nossa globalização se encarrega disto.Talvez esteja esperando algum lugar onde areje um vento bom,onde possa descansar e ver o horizonte deitar no chão.
   Atrás,várias casas.Mas,pelo menos uma é um lar?Se não,o deserto é seu leito.Se fosse de outra cor estaria em qualquer parte?Será que assim veria a beleza transcendente do ocidente,que não é nada mais que uma fronteira artificial como algumas pessoas que residem lá?
   Sabe o significado ou a existência da palavra praça?A imaginação é o meio do escapismo.Vestindo apenas uma imensa bata que cobre seu pequeno corpo.Mas,brincando,finge ser o manto de um rei.Se este for do modo que penso.
   Um pedaço de vida na estrada morta.A brisa traz a areia e ofusca seus olhos.Não sabe que carrega o mundo sobre a cabeça.Mas sente que leva o vento no estômago.
   Daqui já se pode ver,mas todo o resto do mundo faz nada,inclusive eu.

Luxúria é nossa ética

  Não há quem resista olhar os produtos pelos vidros das lojas.Mas,quem olha fixamente a um mendigo sentado no chão da rua,coberto com papelão ou jornal,e oferece a ele,no mínimo,um prato com comida?O consumismo traz regressão não só para nós,brasileiros,mas para toda a humanidade consumista.
   Este nosso desejo desenfreado de possuir o que queremos,deixa-nos apáticos.Pois,se uma pessoa consegue viver com uma qualidade de vida privilegiada,não irá se importar em ao menos olhar pela janela e ver quem passa por dificuldades.Os furtos também são efeitos do consumo sem limites.Todos querem ter,poder comprar o que e o quanto quiser;não interessando os meios violentos.
   Se víssemos a realidade que assombra parte do mundo para podermos consumir e deleitarmo-nos com os arrogantes produtos finais deste reflexo opaco,talvez nossos pensamentos abrissem.Mas poucos têm esta capacidade:De fechar a mente e descobrir com os olhos tudo o que precisamos.
   Se víssemos que as indústrias tomam conta de nós até o nosso suicídio,que as vendas e guerras chegarão ao seu ápice,todas com suas fórmulas detalhadamente calculadas,que a luxúria é nossa ética.
   Alimente sua cabeça com pensamentos simples e se deixe respirar ao invés de aceitar toda esta repetitiva futilidade que é mastigada,plastificada e jogada para aqueles que se permitem levar por estas ondas.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Para a minha roseira

Coloquei o vaso com a roseira na janela,para ver se ela sentia a luz do sol.Há alguns galhos caídos na terra e quase não se pode ver o verde.
Na verdade,é uma roseira só no nome.Pois há anos que não dá nenhuma flor.eu sei que não tenho cuidado bastante.E queria lhe ver como antes,tão cheia de vigor.
E com amor,eu cantei esta canção:


"Vai,minha linda roseira
Quero lhe ver florida como antes
Eu canto perto de você
Para não lhe ver partir
Oh,Mãe Natureza,não tire-a daqui!"

Uma vez,já vi rosas rosadas a brilhar e iluminar meu quarto e minha vida;meus dias eram tão felizes.Depois,virou uma roseira que nem do Tom Jobim.E agora,não quero que encontre seu fim.
Não quero ser um egoísta,muito menos um arrogante,por pedir só pela minha plantinha.Pois também quero ver nossas florestas bem vibrantes e dominantes sobre este dominador.
Minha roseira e eu